convergencia

A virada do século XXI já anunciava que relações cada vez mais complexas estavam por vir. O bug do milênio foi, talvez, o ponto de partida para evidenciar o quanto a tecnologia já impactava a nossa vida. Mas a questão estava além dos hardwares e softwares necessários para o funcionamento do nosso mundo online…

Pouco a pouco, do ano 2000 (e até mesmo antes) aos dias de hoje, vimos os avanços tecnológicos transcenderem a esfera intangível e atingirem as nossas relações sociais mais simples. Mudamos os nossos comportamentos, relacionamentos, hábitos, consumos, ideias.

Adquirimos novos conhecimentos e, consequentemente, novas aspirações. Já não estamos mais satisfeitos em sermos espectadores do show da vida. Queremos o protagonismo! E as plataformas e instrumentos possíveis através da internet nos deram ferramentas para construir um novo mundo.

No contexto tecnológico e interativo em que passamos a viver, a informação começou a fluir em diversos sentidos, cada vez mais rapidamente. Assim, os modelos tradicionais de comunicação, que praticamente seguiram sempre o mesmo formato – pouco surpreendendo e se modificando – já não satisfaziam mais e tornaram-se deficientes em cumprir o seu papel social.

Desta forma, pode-se dizer que as mudanças nos meios foram proporcionadas pela indústria diretamente pela “pressão” da sociedade. A era da convergência, onde, segundo Henry Jenkins, “a mídia corporativa e a mídia alternativa se cruzam, onde o poder do produtor e o poder do consumidor interagem de maneiras imprevisíveis”, é a expressão dessa nova dinâmica.

Mass medias” e “new medias” convivem simultaneamente, proporcionando uma rede maior de informações, onde o conteúdo não se limita a um espaço ou formato. A própria audiência conquistou autonomia e capacidade para alimentar os espaços online (e também off-line) com um conteúdo que adquire notoriedade pelo caráter autônomo, independente e simplista com que se constrói.

Agora o que é capaz de chamar a atenção de um público e fidelizar determinada quantidade de espectadores é a inovação. Essa emergência, principalmente através dos jovens, fez surgir novas profissões, como bloggers e youtubers, que conseguem atingir até milhões de pessoas, e se tornam digital influencers.

De 2006 – ano da publicação do livro “Cultura da Convergência”, de Jenkins e “coincidentemente” de um artigo esclarecedor do portal “The Economist” sobre as mudanças profundas na indústria midiática e na sociedade como um todo – até hoje, já se passaram dez anos. Várias das questões levantadas continuam latentes, mas as dúvidas sobre como conviver com a cultura da participação – interação do público com a mídia – e a inteligência coletiva – que permite ao público a construção do conhecimento autossuficiente – já foram devidamente ajustadas.

A comunicação humana é um processo através do tempo, como caracteriza o artigo citado. Há sempre uma nova criação que modifica o sistema vigente, que retira os atores sociais das suas zonas de conforto e que ressignifica os papéis até então desempenhados.

Mais importante do que tentar questionar uma mudança em andamento, é estabelecer um diálogo entre os personagens enquanto se espera pelos próximos capítulos. Afinal, como diz a famosa música do grupo Queen: “the show must go on”.

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